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SOBRE O DESIGNER


Nascido em Recife, Ramsés Marçal estudou Artes Plásticas na Florence Academy, em Florença. Em seu retorno ao Brasil, cursou Desenho Industrial na Faculdade de Belas Artes, em São Paulo, cidade onde viveu por 15 anos e manteve um ateliê voltado ao desenvolvimento criativo e conceitual de projetos situados na fronteira entre arte contemporânea e design.
Em suas criações, Ramsés alia conceito e técnica, unindo conhecimentos dessas duas áreas, além de forma e utilidade. É conhecido por subverter a lógica normatizadora, recorrendo a elementos cotidianos, capazes de fazer as pessoas reconhecerem seu lugar e sua história. Tem como principal inspiração as narrativas dos lugares onde vive ou já viveu, principalmente, o diverso e rico Nordeste brasileiro, onde passou a infância e a adolescência.

Biografia crítica, por Afonso Luz, filósofo e crítico de arte
Ramsés Marçal nasceu em 1976 na cidade do Recife, Pernambuco.
Para quem sabe manter flutuação fundamental entre o Mundo da Arte e o Mundo do Design, como um criador que é Ramsés Marçal, há a graça de poder navegar em seu caminho alguns mundos e aportar onde lhe aprouver a sensibilidade inteligente. Como quem vem de estudar artes plásticas na Itália, tendo aulas em Florença, e vai lidar com a tecnologia de polímeros no complexo industrial automobilístico no Brasil, das Minas Gerais. Tendo ainda passado pela realização arquitetônica de "Instalações" de mega mostras de arte internacional, como nas Bienais e itinerâncias da Tate Modern, e chegado a ir viver com quilombolas para estruturar uma linha de produtos desenhados naquela comunidade. Esse trânsito entre os universos e as experiências lhe deu tino e apuro, bem comunicados aos objetos que desenha. E desenhar num sentido forte seria o intento deste Pernambucano de Recife, pois que sua mão toca um estrato da memória comum e traça uma cosmologia entre a complexa vida super-urbana e os sabores vernaculares das populações pré-citadinas, trazendo sua cultura material de quem se embebe deste litoral de arrecifes e mangues com os olhos voltados para a zona da mata e o sertão. E São Paulo tem seu gene de Sertão, pois ao escolher ali morar e sobreviver ao agreste tempo da metrópole, na frequência caótica de sua secura concreta, as obras de Ramsés são como que estratagemas redivivos, na sua filiação arquitectónica a um João Cabral, um Gilberto Freyre e um Aloisio Magalhães, seus mestres nos cortes certeiros e no bafejar caboclo, nos engenhos mestiços e na aguda sagacidade dos olhos que decifram nossa gênese tão abrasileirada quanto cosmopolita. E podemos com ele flutuar entre o design e a arte, sem que isso soe como um frisson de "economias criativas" ou "cultura da gentrificação", lembrando a solidez que tem o perfume dos materiais de uma memória ancestral.

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