SOBRE O DESIGNER
O suíço John Graz (1891-1980) é considerado o grande pioneiro da decoração no Brasil. Graças à sua formação multidisciplinar, como artista plástico e designer, tornou-se um dos mais solicitados profissionais de sua geração. Formado na Escola de Belas Artes de Genebra, iniciou a carreira produzindo cartazes publicitários e esculturas. Entre 1911 e 1913, estudou litografia, design, publicidade e decoração com o artista gráfico Carl Moos (1878-1959), na escola de Belas Artes de Munique. Ao ganhar a bolsa de estudos Lissignol, o artista mudou-se para Toledo e, inspirado pelas paisagens da Espanha, começou a produzir obras com clara influência de Ferdinand Hodler (1853-1918), considerado o principal responsável pela renovação na pintura suíça.
John Graz chegou ao Brasil em 1920, onde se casou com Regina Gomide, irmã do artista modernista Antônio Gomide, seu colega na Escola de Belas Artes. A convite de Oswald de Andrade, participou da Semana de Arte Moderna de 1922 e, junto de outros grandes nomes das artes no Brasil, como Tarsila do Amaral, Anita Malfatti, Di Cavalcanti e os irmãos Gomide, trouxe renovação à pintura, influenciado pelos movimentos da vanguarda europeia. Nesse período, fez ilustrações para a revista Klaxon, o primeiro periódico modernista lançado no Brasil.
A partir de 1923, Graz deu início à produção e criação de móveis, projetos de decoração e de arquitetura de interiores, com nítida influência da escola Bauhaus. Em 1925, apresentou uma coleção de móveis tubulares, fabricados com canos metálicos e laminados de madeira. As peças foram fabricadas no Liceu de Artes e Ofícios sob sua supervisão e do artista plástico Federico Oppido (1877-1950).
Chamado de “Graz, o futurista” por Oswald de Andrade, é considerado um dos responsáveis pela introdução do estilo art déco no Brasil, ao lado de Regina e Antonio Gomide. Como decorador e desenhista, trabalhou com grandes arquitetos, como Gregori Warchavchik (1896-1972) e Rino Levi (1901-1965), trazendo inovação à concepção do espaço interno, além de ideias inovadoras para peças de mobiliário, luminárias, objetos, pinturas decorativas e paisagismo. Ao projetar móveis, preocupava-se também com a distribuição das peças no espaço e sua integração com painéis, vitrais e afrescos.
A partir de 1969, ele abriu mão da arquitetura de interiores para se dedicar exclusivamente às artes plásticas. Sua obra foi tema de exposições importantes, como “Retrospectiva” (SP, 1970), na Fundação Armando Álvares Penteado (Faap), e “John Graz e o Design”, (SP, 1974), realizada no Museu de Arte de São Paulo (MASP), com apresentação de Pietro M. Bardi. John Graz deixou como legado quase duas mil obras, incluindo uma vasta coleção de desenhos de móveis e ambientes completos, além de croquis e aquarelas, hoje sob os cuidados do Instituto John Graz.