Com uma trajetória de quase 30 anos dedicados à criação de móveis, Maria Cândida Machado nasceu em Ribeirão Preto (SP) e formou-se em arquitetura na PUC/Campinas. No início dos anos 1980, mudou-se para São Paulo, onde começou a trabalhar na emblemática Hobjeto, marca fundada por Geraldo de Barros em 1964. Na fábrica criada pelo artista e designer – que considera uma influência definitiva em sua história –, teve contato com o pensamento industrial e a produção em larga escala. Paralelamente, a convivência com os designers que despontavam na época e o florescer de uma nova maneira de pensar o design, despertou o desejo de projetar peças para as novas casas brasileiras.
A amizade e admiração pelo trabalho do designer Fulvio Nanni levou-a à Itália, para uma especialização em desenho industrial na Università Internazionale dell'Arte di Firenze. Teve então a certeza de que seu caminho natural seria o desenho de mobiliário, respeitando o material e o fazer tradicional. De volta ao Brasil, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde vive e trabalha atualmente, e onde criou sua marca própria, a Interni, dedicada ao desenvolvimento e comercialização de suas criações. Desde o lançamento de sua primeira coleção, em 1995, acumulou uma extensa produção de móveis e objetos de madeira – seu material de eleição –, sempre em diálogo com mestres artesãos. Em 2013, teve seu trabalho destacado no livro “Móvel Brasileiro Contemporâneo”, publicado pela Fundação Getulio Vargas. Recentemente passou a dedicar-se exclusivamente ao desenho. Em 2020, criou a sua primeira coleção exclusiva para dpot, composta de peças compactas, versáteis e feitas para durar.
Atenção ao detalhe, acabamento impecável, valorização dos encaixes e resgate de técnicas da marcenaria tradicional, sem abrir mão da tecnologia, são características que permeiam a sua produção. Uma contadora de histórias por meio dos móveis, como se define, Maria Cândida Machado tem outra referência marcante: a combinação de diferentes variedades de madeira em uma mesma peça. Um jogo de contrastes, texturas e resistências, preservando sempre a aparência natural. Afinal, para ela, a madeira é perfeita na sua imperfeição.