JUNHO 2024
APRESENTAMOS A POLTRONA SPOT, POR ANDRÉ VAINER
A poltrona Spot nasceu da dificuldade em encontrar no mercado poltronas resistentes, que pudessem ficar “ao tempo”, no jardim do restaurante. “Na época, fiz o desenho, e a Marcenaria Baraúna se encarregou do protótipo, eles são muito bons em ergonomia”, explica. “É uma poltrona gostosa de ficar.”
A peça – que há anos faz sucesso entre os frequentadores do restaurante – chega agora ao mercado em sua primeira edição comercial, mais uma exclusividade da coleção dpot. Um objeto de desenho industrial, como define Vainer, retilíneo, descomplicado, bem estruturado e visualmente leve. A poltrona Spot faz lembrar os tradicionais e eficientes bancos de praça, que nos convidam ao descanso e à contemplação.
Resistente e versátil, é fabricada em madeira maciça e aço, sendo perfeita para varandas e áreas externas cobertas. A matéria-prima, durável por definição, recebe tratamento para melhor resistir às intempéries do tempo. “Apesar da estrutura aprumada, trata-se de uma poltrona com ergonomia muito confortável, que convida ao sentar prolongado. É um assento para se estar”, diz. “Gosto muito de um conceito da Lina, de que a rigidez dá ao ser humano uma postura interessante”, completa, referindo-se ao pensamento da arquiteta Lina Bo Bardi (1914-1992), com quem colaborou em importantes projetos na década de 1980, como o do Sesc Pompeia e do MAM – Museu de Arte Moderna de São Paulo.
Mesmo com o entusiasmo por desenhar e “materializar coisas”, o arquiteto acredita que as pessoas devem sentir-se livres em suas casas e preenchê-las com móveis e objetos que façam parte de sua história. “Mas, eventualmente, desenho peças utilitárias, totalmente funcionais, como um móvel para apoiar a TV, um bufê, uma cadeira. Na minha concepção, os móveis têm que servir à casa, ter sua função bem clara, sem margem para dúvida.”
Nessa construção, busca estabelecer um diálogo entre os objetos de desenho industrial que cria e sua arquitetura. Como resultado, identifica características definidoras de sua linguagem nas peças de mobiliário, como a simplicidade, as formas retilíneas e a obviedade, como diz. “É algo de que gosto, quando uma pessoa olha para um móvel ou objeto e percebe exatamente para o que ele serve.” Além do conforto, destaca a leveza e certa descontração na poltrona Spot. “Ela tem as pernas meio tortinhas, assim como as do Garrincha, e acho certa graça nisso.”
Com uma trajetória reconhecida e premiada na arquitetura, o arquiteto faz da vontade de desenhar e construir objetos – de luminárias a peças de mobiliário – um exercício constante. “Sou arquiteto, isso é o que me orienta. Mas estou sempre me desafiando a desenhar e a construir protótipos no meu escritório.” O encantamento por “construir coisas”, como diz, remonta às suas memórias de infância, especialmente, à convivência com um vizinho habilidoso. “Ele fazia desde consertos e objetos para a casa até carrinhos de rolimã, e eu achava o máximo observar tudo aquilo”, lembra. “Talvez venha daí essa minha vontade de desenhar e fazer coisas. É uma brincadeira muito prazerosa para mim”, finaliza.