SETEMBRO 2024
CONHEÇA A CADEIRA AARE, POR ANA NEUTE
Em sua nova colaboração para a coleção dpot, Ana Neute apresenta a cadeira Aare, uma homenagem à sua avó materna, nascida na Suíça. “O rio Aare é sinuoso e contorna o centro medieval de Berna”, diz a arquiteta. “É a cidade da minha avó, por quem tenho um afeto especial. As memórias da convivência com ela me trazem um sentimento de casa, mesmo ela não estando mais aqui.”
A cadeira foi pensada como um móvel que abraça o usuário. Leve, curvilínea e macia ao toque. “No verão, o rio Aare é utilizado como meio de transporte, os suíços colocam suas roupas em uma bolsa inflável e se soltam na correnteza até o ponto da cidade onde desejam ir”, explica. “A prática se assemelha à sensação que eu gostaria de transmitir com essa cadeira. Quero que as pessoas se soltem e se deixem levar por horas, desfrutando de conversas fluidas em torno da mesa.”
Com formas delicadas, sutis e femininas, como define Ana, a criação tem um significado especial para a arquiteta. Foi em um ateliê instalado nos fundos da casa da avó que ela iniciou sua trajetória profissional, no início da década de 2010. “Foi o período em que mais convivi com ela depois de adulta”, diz. “Essa vivência foi essencial para a minha vida e também para o meu trabalho.”
Em seus projetos, Ana parte de linhas gráficas, para, em seguida, tornar o desenho mais orgânico. A ergonomia faz parte desse processo. Fabricada em madeira maciça com assento e encosto estofados, a Aare é concisa, elegante e versátil. Um assento com braços que não ocupa muito espaço à mesa e pode ser utilizado em salas de jantar de diferentes dimensões.
A partir dos primeiros desenhos, a peça foi sendo ajustada, esculpida, diz Ana, como uma escultura, visando proporcionar o máximo de conforto e leveza visual. A Aare tem como partido duas linhas que não se tocam, que contornam e estruturam o móvel. “Um dos desafios foi curvar a madeira, alongar e achatar o material para acomodar os braços”, explica. “Meu trabalho tem muito a ver com as formas, e a inspiração para esse desenho foi justamente o percurso de um rio que abraça a cidade, assim como a estrutura da Aare, quase um “S”, que acolhe e abraça quem se senta.”
Considerada um expoente de sua geração, Ana Neute dedica-se à criação de objetos de design e mobiliário impulsionada pela vontade de projetar peças que “beneficiem os usuários em diferentes sentidos” e estabelecer relações entre diferentes materiais e técnicas.