SOBRE O DESIGNER
Pioneiro do design brasileiro, o artista Geraldo de Barros (1923-1998) iniciou a carreira dedicando-se à pintura figurativa, mas ganhou notoriedade ao estabelecer vínculos com a arte experimental. Nascido na cidade paulista de Chavantes, foi precursor da fotografia abstrata e do modernismo no Brasil, além de ser considerado um dos maiores expoentes do movimento concretista. Destacou-se ainda como fundador e membro de importantes movimentos e associações artísticas em São Paulo. Alguns exemplos são o Grupo 15, ateliê criado em 1947, por 15 artistas, onde Barros construiu um laboratório de fotografia; o Grupo Ruptura, que nasceu em 1952, com a proposta de renovar as artes plásticas brasileiras e se firmou como o maior articulista do concretismo; e a Galeria Rex, fundada no verão de 1966, em parceria com Nelson Leirner e Wesley Duke Lee e que se tornou sinônimo de comportamento e estilo de vida na época.
A partir de 1954, Geraldo de Barros passou a aplicar o espírito antiacadêmico e a experiência inovadora de independência e inconformismo que já caracterizavam sua produção artística no universo do mobiliário e da comunicação visual. Seu objetivo era "socializar o bom gosto", criando móveis industrializáveis em grandes séries, vendidas a preços acessíveis, com qualidade de produção e design. Para colocar suas propostas em prática, criou em 1954, em parceria com o Frei João Batista Pereira dos Santos, a Unilabor, oficina-comunidade operária para fabricação de móveis seriados, que existiu até 1967. Na Unilabor, os funcionários tinham participação na direção e nos lucros, além de aulas de arte e desenho industrial. Todas as criações nasciam das discussões em torno da forma, da função e do modo de produção, segundo os conceitos de beleza e utilidade.
No final da década de 1950, fundou também a Form-Inform, empresa de criação de marcas e logotipos. Um de seus sócios na empreitada foi Alexandre Wollner, um dos principais nomes do design gráfico no Brasil. Já nos anos 1970, Geraldo de Barros foi o nome por trás da marca Hobjeto, um sucesso comercial importante na história do móvel brasileiro. Para a marca, desenhou inúmeros móveis, mas também carrinhos de chá e pequenas mesas encaixáveis, peças mais fáceis de serem produzidas em larga escala e a um custo mais acessível, como sonhava.
A partir da década de 1980, já com a saúde debilitada, retornou à fotografia e passou a se dedicar à série “Sobras”, em que realizou interferências gráficas sobre negativos, retomando a pesquisa iniciada nos anos 1940 com sobras de material fotográfico.